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Paulo Coelho divulga 80 mil documentos, de arquivos de Raul a álbum de bebê

Escritor publica em site material que estará na sede de sua fundação em Genebra, na Suíça

O escritor Paulo Coelho publicou cerca de 80 mil documentos em seu site, incluindo fotos, manuscritos de livros, letras de música, roteiros de shows de Raul Seixas e itens pessoais como certificados escolares e seu álbum de bebê.

Paulo Coelho durante passagem por Milão, Itália, 2008. Foto: Getty Imagem

O material fará parte do acervo a Fundação Paulo Coelho, que terá local físico em Genebra, na Suíça, e será inaugurada ainda este ano. O projeto é uma parceria de Coelho com a mulher, a pintora Christina Oiticica.

"Condizente com nosso tempo, entendemos que um local físico não basta - a pesquisa seria limitada àqueles que podem vir até Genebra. Assim, decidimos colocar todo o material na nuvem", escreveu o autor, em seu site.

"Creio que, se meu trabalho resistir ao tempo, sempre haverá curiosidade em saber como vivi os dias que me foram dados caminhar na face da terra. Meus manuscritos. Meus diários. Os recortes de imprensa. As cartas dos leitores", acrescentou.

O material inclui fotos de prêmios e medalhas recebidas, caderno de desenhos da infância, entrevistas, poesias, anotações e uma série de documentos sobre o escritor e também sobre Raul Seixas, de quem foi amigo e parceiro. O acesso é gratuito.



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Titulo: A boa vista 
Autor: antônio Frederico Castro Alves 
Categoria: Literatura
Idioma: Português

Fonte de pasquisa: wikipédia, a enciclopédia livre                                                                                               

A Boa Vista 
Castro Alves 
Sonha, poeta, sonha! Aqui sentado 
No tosco assento da janela antiga, 
Apóias sobre a mão a face pálida, 
Sorrindo — dos amores à cantiga. 
Álvares de Azevedo 
Era uma tarde triste, mas límpida e suave... 
Eu — pálido poeta — seguia triste e grave 
A estrada, que conduz ao campo solitário, 
Como um filho, que volta ao paternal sacrário, 
E ao longe abandonando o múrmur da cidade 
— Som vago, que gagueja em meio à imensidade, — 
No drama do crepúsculo eu escutava atento 
A surdina da tarde ao sol, que morre lento. 
A poeira da estrada meu passo levantava, 
Porém minh'alma ardente no céu azul marchava 
E os astros sacudia no vôo violento 
— Poeira, que dormia no chão do firmamento. 
A pávida andorinha, que o vendaval fustiga, 
Procura os coruchéus da catedral antiga. 
Eu — andorinha entregue aos vendavais do inverno. 
Ia seguindo triste p'ra o velho lar paterno. 
Como a águia, que do ninho talhado no rochedo 
Ergue o pescoço calvo por cima do fraguedo, 
— (P'ra ver no céu a nuvem, que espuma o firmamento, 
E o mar,-corcel que espuma ao látego do vento... 
Longe o feudal castelo levanta a antiga torre, 
Que aos raios do poente brilhante sol escorre! 
Ei-lo soberbo e calmo o abutre de granito 
Mergulhando o pescoço no seio do infinito, 
E lá de cima olhando com seus clarões vermelhos 
Os tetos, que a seus pés parecem de joelhos!... 
Não! Minha velha torre! Oh! atalaia antiga, 
Tu olhas esperando alguma face amiga, 
E perguntas talvez ao vento, que em ti chora: 
"Por que não volta mais o meu senhor d'outrora? 
Por que não vem sentar-se no banco do terreiro 
Ouvir das criancinhas o riso feiticeiro 
E pensando no lar, na ciência, nos pobres 
Abrigar nesta sombra seus pensamentos nobres? 
Onde estão as crianças-grupo alegre e risonho 
— Que escondiam-se atrás do cipreste tristonho... 
Ou que enforcaram rindo um feio Pulchinello, 
Enquanto a doce Mãe, que é toda amor, desvelo 
Ralha com um rir divino o grupo folgazão, 
Que vem correndo alegre beijar-lhe a branca mão?...~ 
É nisto que tu cismas, ó torre abandonada, 
Vendo deserto o parque e solitária a estrada. 
No entanto eu estrangeiro, que tu já não conheces— 
No limiar de joelhos só tenho pranto e preces. 
Oh! deixem-me chorar!... Meu lar... meu doce ninho! 
Abre a vetusta grade ao filho teu mesquinho! 
Passado— mar imenso!... inunda-me em fragrância! 
Eu não quero lauréis, quero as rosas da infância. 
Ai! Minha triste fronte, aonde as multidões 
Lançaram misturadas glórias e maldições... 
Acalenta em teu seio, ó solidão sagrada! 
Deixa est'alma chorar em teu ombro encostada! 
Meu lar está deserto... Um velho cão de guarda 
Veio saltando a custo roçar-me a testa parda, 
Lamber-me após os dedos, porém a sós consigo 
Rusgando com o direito, que tem um velho amigo.. 
Como tudo mudou-se!... O jardim 'stá inculto 
As roseiras morreram do vento ao rijo insulto... 
A erva inunda a terra; o musgo trepa os muros 
A ortiga silvestre enrola em nós impuros 
Uma estátua caída, em cuja mão nevada 
A aranha estende ao sol a teia delicada!... 
Mergulho os pés nas plantas selvagens, espalmadas, 
As borboletas fogem-me em lúcidas manadas... 
E ouvindo-me as passadas tristonhas, taciturnas, 
Os grilos, que cantavam, calaram-se nas furnas... 
Oh! jardim solitário! Relíquia do passado! 
Minh'alma, como tu. é um parque arruinado! 
Morreram-me no seio as rosas em fragrância, 
Veste o pesar os muros dos meus vergéis da infância, 
A estátua do talento, que pura em mim s'erguia, 
Jaz hoje — e nela a turba enlaça uma ironia!... 
Ao menos como tu, lá d'alma num recanto 
Da casta poesia ainda escuto o canto, — 
Voz do céu, que consola, se o mundo nos insulta, 
E na gruta do seio murmura um treno oculta. 
Entremos!... Quantos ecos na vasta escadaria, 
Nos longos corredores respondem-me à porfia!... 
Oh! casa de meus pais!... A um crânio já vazio, 
Que o hóspede largando deixou calado e frio, 
Compara-te o estrangeiro, caminhando indiscreto 
Nestes salões imensos, que abriga o vasto teto. 
Mas eu no teu vazio — vejo uma multidão 
Fala-me o teu silêncio — ouço-te a solidão!... 
Povoam-se estas salas... 
E eu vejo lentamente 
No solo resvalarem falando tenuemente 
Dest'alma e deste seio as sombras venerandas 
Fantasmas adorados — visões sutis e brandas... 
Aqui... além... mais longe... por onde eu movo 
o passo, 
Como aves, que espantadas arrojam-se ao espaço, 
Saudades e lembranças s'erguendo — bando alado 
— Roçam por mim as asas voando p'ra o passado.